A FALTA DE APOIO É UM ENTRAVE
(Nilton César Riguetti*)
Sabemos da capacidade dos artistas trajanenses. Poderíamos falar das mais diversas manifestações artísticas existentes em nosso município: a culinária, o artesanato, o teatro, a música, o folclore. Poderíamos narrar as dificuldades, a falta de apoio, o trabalho solitário e apaixonado de alguns trajanenses que fazem de sua arte um momento de paixão sem o devido reconhecimento.
Nosso momento, porém, é de iniciar um debate pelo ponto de vista dos escritores de nossa terra. São letristas, poetas, contistas, novelistas, escritores que não têm um espaço democrático, acessível e popular para que todos conheçam suas obras.
É de nossa introspecção, talvez, que vem esse anonimato quase voluntário. Estamos abrindo espaços, construindo memórias, registrando o momento? Talvez por essa ótica sejamos um pouco responsáveis pelo nosso "esquecimento".
Mas também não é de responsabilidade cultural do poder público o incentivo, a abertura de espaços, a valorização dos artistas? Não é do poder público também a incumbência de divulgar nossa arte para além de nossos limites?
Os últimos concursos de poesia realizados foram de iniciativas populares. E esses são a melhor forma de iniciação à arte da escrita, ao surgimento de novos valores, à divulgação e premiação da literatura trajanense. Que dizer da falta de apoio a quem já escreveu seus livros e não teve apoio para publicá-los e divulgá-los? Que dizer da inexistência da premiação de nossos artistas em um evento anual? Talvez o façamos por iniciativa própria.
O maior incentivo existente hoje vem por parte das Olimpíadas de Língua Portuguesa que abrem espaço para a construção, seleção e premiação de textos a nível municipal, estadual e nacional. Na última edição, a municipalidade fez festa e premiou os melhores. Na edição deste ano, nem sabemos o resultado. Como professor incentivador e reponsável, fico decepcionado. Nossos alunos se desmotivam e a ideia original se perde: é a lógica ao contrário!!!
Não sei se esse debate que inicio ganhará proporções medíocres em nossa terra, aquela dimensão da politicagem, da desconstrução de ideias e de ideais. Também não sei se nossa visão será sentida sob o ponto de vista do agir ou sob a ótica do despolitizar o debate. Mas é preciso que o façamos. Eu os convido.
* escritor, tem 3 livros lançados no município.
